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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Relato de prática da Profª Inês para a Olimpíada da Lingua Portuguesa - 2012 - "Escrevendo o Futuro"

VOANDO NA PONTA DE UM LÁPIS


Sempre participei da Olimpíada de Língua Portuguesa, desde 2002, quando ainda era o Prêmio Escrevendo o Futuro, mas somente neste ano pude estar presente no evento de Lançamento da Olimpíada.

Fiquei fascinada quando foi lido o texto NA PONTA DE UM LÁPIS, de Luiz Henrique Gurgel. O texto descrevia sobre um dos símbolos da Olimpíada: um lápis.

Como sonhei durante a leitura do texto e imaginei o poder que um professor pode dar ao seu aluno quando um lápis, um simples lápis é colocado em sua mão para que ele possa voar.

Numa das aulas comentei com a turma sobre a Olimpíada, citando algumas partes do texto NA PONTA DE UM LÁPIS. Na realidade eu queria despertar na turma o desejo em participar da Olimpíada, fui muito franca e disse: “Não será fácil, há grandes desafios a vencer, muitos alunos do nosso Estado irão participar e é necessário primeiramente passar pela etapa escolar.”

Durante a conversa percebi um aluno pensativo e entusiasmado que disse: “Professora vai ser difícil concorrer, só poderá sair um poema da escola e ainda terá que concorrer com o Estado inteiro!”

Prontamente eu falei: “O difícil não é impossível, neste concurso não há perdedores e sim ganhadores de aprendizagens. Independente do resultado, os poemas poderão ser publicados no blog da escola e expostos na Mostra Cultural no mês de dezembro”.

Encerrada a conversa notei olhares brilhantes e esperançosos. A turma estava motivada para participar, enfim, da Olimpíada de Língua Portuguesa 2012.

No mês de maio dei início às Oficinas. Aproveitei o Kit recebido pela escola em 2010.

Foi preciso, então, encarar um desafio, já que eu estava também preparando algumas atividades para a gravação do Programa Ler e Escrever – TV Cultura (Produção de Textos de autoria). Confesso que pensei em desistir da Olimpíada e indaguei sobre o percurso feito: “Jogar fora toda a experiência adquirida desde 2002?” Pensei também nos olhinhos brilhantes e esperançosos dos alunos. Eu não poderia impedi-los de dar poder ao lápis. Passei a incluir na rotina semanal algumas aulas de Produção Textual para desenvolver as Oficinas.

Comecei repertoriando a turma com o poema AS MARIAS DO MEU LUGAR (poema finalista em 2008). Queria que a turma soubesse que alunos das escolas públicas também podem ser poetas e até finalistas. Após comentários feitos surgiu a primeira dúvida: “Poema e poesia é a mesma coisa?”.

Expliquei a diferença utilizando o poema TEM TUDO A VER de Elias José.

Prossegui com as Oficinas e propus aos alunos que “catassem” alguns poemas com pessoas do seu convívio. Poemas foram coletados e trazidos para a escola. Notei os alunos motivados, alguns fizeram até capas para os poemas e escreveram com letras garrafais: TRABALHO SOBRE A OLIMPÍADA DE LÍNGUA PORTUGUESA.

Pude ver as diversas vozes da comunidade nos poemas coletados. Esses poemas foram aproveitados na confecção de um varal literário. Finalizado o varal literário os alunos apreciaram-no.

Dando continuidade ao trabalho, os alunos leram o texto: HISTÓRIA DA CIDADE TIRADENTES. Foquei como era o bairro no passado e como é hoje.

Chegou o momento da produção do primeiro poema com muitas perguntas sobre rimas e número de estrofes. Recolhi os poemas e deixei-os que “adormecessem” para diagnosticar as principais dificuldades e fazer as devidas intervenções. Prossegui com o trabalho e numa outra aula os alunos tiveram o primeiro contato com a Coletânea de Poemas. Orientei-os para que abrissem a Coletânea no sumário e lessem os títulos e os nomes dos autores.

Uma das alunas achou bem interessante o TRAVATROVAS e pediu para ler. Quando finalizou a leitura disse que havia muita letra R no som das palavras. Vibrei com a descoberta e aproveitei para explicar que a repetição da mesma letra é um jogo que alguns poetas fazem para dar beleza ao som das palavras. Utilizei o CD-ROM para que os alunos ouvissem e percebessem a entonação

No decorrer do processo e com aqueles poemas que deixei adormecer, diagnosticados, comecei a intervir nas principais dificuldades encontradas: rimas, tamanho dos versos, títulos e ortografia.

Em relação às rimas achei de grande valia trabalhar o poema de Otávio Roth: DUAS DÚZIAS DE COISINHAS À TOA QUE DEIXAM A GENTE FELIZ. Em duplas os alunos produziram listas de coisinhas que os deixavam felizes. Depois expliquei que as rimas podem ser na mesma estrofe e alternadas e para isso utilizei o poema CIDADEZINHA de Mário Quintana. Expliquei também que as rimas podem ser na mesma estrofe e seguidas como no poema MEUS OITO ANOS de Casimiro de Abreu. De acordo com a necessidade fui mostrando na Coletânea a questão das rimas.

Outro aspecto de relevância foi o título. Expliquei a diferença entre tema e título e que este deve “prender” a atenção do leitor. Continuei com as Oficinas, certa de que enfrentaria outro desafio: Figuras de linguagem.

Juntamente com a turma fiz uma lista contendo os recursos poéticos aprendidos e disse que além dos recursos citados, iríamos aprender outros. Pude notar que não tiveram tantas dificuldades em relação à comparação. Avancei e ensinei sobre a personificação, no começo tiveram dificuldades, depois começaram a compor suas próprias personificações. Propus que observassem bem o bairro num determinado fim de semana e tentassem produzir algumas personificações.

Coletei as personificações e notei que eles utilizaram demasiadamente o vocábulo prédio. Algumas personificações compostas pelos alunos foram: “prédios que beijam o céu” ou que “beijam o sol”, “prédios que beijam as estrelas.” Os alunos moram em prédios, (a grande maioria). Por isso utilizaram a palavra prédio.

Terminadas as Oficinas, chegou enfim, o momento da produção final. Neste momento, enquanto os alunos produziam com os lápis em suas mãos, eu caminhava pela sala para intervir no que fosse necessário. Mais uma vez lembrei-me do texto NA PONTA DE UM LÁPIS. Os alunos realmente estavam dando poder ao lápis. Estavam voando na ponta de um lápis.

Recolhi os poemas, convicta de que iria deleitar-me ao lê-los. Os poemas tinham melhorado muito em comparação com a primeira produção. Percebi que os pequenos poetas aprenderam. Notei três poemas bem completos em relação aos recursos poéticos.

Não queria ser injusta e creio que não o fui. O texto escolhido pela Comissão Julgadora Escolar conseguiu passar por várias etapas e chegar na etapa regional. O aluno semifinalista já é referência para os demais na Unidade Escolar e com certeza um incentivo para que outros possam participar das Olimpíadas vindouras.

Ainda hoje me lembro do dia em que quase desisti. Felizmente não desisti. Consegui fazer com que meus pequenos poetas dessem poder aos seus lápis. Consegui fazê-los voar na ponta de um lápis.





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